segunda-feira, 14 de abril de 2008

A Palavra e a minha trindade

"Entendendo que a Bíblia existe primordialmente para revelar a Trindade, Petterson então fala-nos de uma leitura formativa da Bíblia, aquela na qual a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo vai nos formando espiritualmente em sua imagem. Na verdade, nesta leitura formativa, nós é que somos lidos e formados pelo texto e não ao contrário, sendo a Lextio Divina o meio por excelência através do qual podemos exercitá-la. Sendo assim, nossa vida é formada por um texto além e acima de nós e não por nós mesmos.
O principal obstáculo para que tal leitura formativa aconteça está no fato de que em nossos dias há uma tendência na qual o nosso ego com suas múltiplas necessidades se torna o "texto" autoritativo a partir do qual a nossa vida é formada. É este enlevamento do Eu ao patamar divino que Petterson chama de uma Nova Trindade. Assim o Pai, o Filho e o Espírito Santo é substituído por uma trindade individual e pessoal composta pelas minhas santas vontades, santas necessidades e santos sentimentos...
Não tenhamos dúvida que esta soberania do ego expressa nas três "pessoas" (nossas vontades, necessidades e sentimentos) desta nova "santíssima" trindade, faz de nós mesmos e não da Bíblia reveladora da Trindade, o texto autoritativo pelo qual vivemos! Engana-se porém, quem pensa que neste contexto a Bíblia deixa de ser lida, ela é lida sim, mas sua mensagem é tragada pela nossa santa vontade, necessidade e sentimento, transformando-se em um subproduto de quem somos. Ao invés de sermos formados pela Trindade da Bíblia, a Bíblia é formada pela trindade do nosso Ego."
Eduardo Rosa Pedreira, no Renovaré Brasil, falando sobre um livro de Eugene Petterson.
Veja todo o artigo aqui.

Talvez seja daí que surge tanta teologia disso e daquilo. Talvez seja por isso também que o povo que está em volta de Jesus passa a ser a multidão que dificulta o conhecimento de Jesus de quem realmente deseja conhecê-lo. Esse povo que vê a palavra de Jesus segundo o seu ego faz parte uma multidão que atrapalha os Zaqueus que querem conhecer o Mestre (Lc 19), atrapalha os paralíticos em seus leitos que, às vezes, têm a felicidade de encontrar amigos que subam ao telhado por ele (Mc 2)...
A oração fica no meu coração: Senhor, eu reconheço que, muitas vezes, faço parte dessa multidão. Não me permita continuar assim. Abre os meus olhos, tira o véu que os encobre pra eu ver as maravilhas da tua lei. Quero ler a tua palavra apesar do meu ego e ao ler permitir que ela transforme o meu ser conforme o teu caráter. Destronando minhas vontades, necessidades e sentimentos. Ensina-me a desfrutar e valorizar as profundezas do que tu dizes. Quero subir na árvore para ter uma visão melhor de ti, por cima de toda a multidão. Quero entrar pelo telhado se for preciso. Se eu não puder com minhas próprias pernas, manda amigos que te conhecem melhor que eu para me conduzirem. Me ensina a subir na árvore, me ensina a carregar leitos, quebrar telhados, chegar até você. Quero que essas palavras sejam sinceras, acima de toda a minha hipocrisia.

2 comentários:

Daniel disse...

Belas e urgentes linhas de Badu. A aplicação que você faz segue o mesmo espírito. Que Deus responda positivamente à sua oração.
Incessante,

Paulo Costa disse...

Estás no bom caminho, amigo Marco!