Você pode rejeitar a Cristo porque ele manteve o seu livre-arbítrio realmente livre. O escritor Philip Yancey adapta uma parábola do filósofo cristão Soren Kierkegaard que nos ajuda a compreender de que maneira Deus tenta nos salvar ao mesmo tempo que respeita nossa liberdade. É uma parábola de um rei que ama uma moça humilde:
Não havia rei como ele. Todos os estadistas tremiam diante de seu poder. Ninguém ousava pronunciar uma palavra contra ele, pois este rei possuía a força para esmagar todos os oponentes. E, ainda assim, esse poderoso rei derreteu-se de amores por uma moça humilde. Como podia declarar seu amor por ela? Por ironia, sua própria realeza deixava-o de mãos amarradas. Caso a trouxesse ao palácio, lhe coroasse a cabeça com jóias e lhe vestisse o corpo com vestes reais, certamente ela não resistiria - ninguém ousava resistir-lhe. Mas ela o amaria? É claro que diria que o amava, mas amá-lo-ia de verdade? Ou iria viver com ele temerosa, secretamente se lastimando pela vida que havia deixado para trás? Seria feliz ao seu lado? Como ele poderia saber? Caso fosse na carruagem real até a cabana dela na floresta, com uma escolta armada balançando imponentes estandartes, isso também a atordoaria. Ele não desejava uma súdita servil. Desejava uma amante, uma igual. Desejava que ela esquecesse que ele era rei e ela uma moça humilde e que deixasse que o amor partilhado vencesse o abismo existente entre eles. "Pois é somente no amor que o desigual pode ser feito igual", concluiu Kierkegaard.
Esse é exatamente o mesmo problema que Deus enfrenta em sua busca por você e eu: se ele se impuser sobre nós com seu poder, não seremos livres para amá-lo (amor e poder freqüentemente possuem relações opostas). Ainda que mantenhamos nossa liberdade, podemos não amá-lo, mas simplesmente amar aquilo que ele nos dá. O que Deus pode fazer? Veja o que o rei fez:
O rei, convencido de que não poderia fazer a moça melhorar sua condição social sem reprimir sua liberdade, decidiu rebaixar-se. Vestiu-se de pedinte e aproximou-se da cabana incógnito, com uma capa surrada, frouxa, esvoaçando ao seu redor. Não era um mero disfarce, mas uma nova identidade que assumiu. Renunciou ao trono para ganhar a mão dela.
Não tenho fé suficiente para ser ateu de Norman L. Geisler e Frank Turek, citação de Decepcionado com Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2004, 11 ed.,p.103-4
"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens." Fp 2:5-8
Assumir a forma de um servo humano era a única maneira de ele nos oferecer salvação sem negar nossa capacidade de aceitá-la.
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